Empresas precisam melhorar a renda das comerciárias e cuidar melhor das famílias das trabalhadoras
Quando o Sindicomerciários Montenegro reivindica valorização aos comerciários e comerciárias da cidade nas mesas de negociações com o Sindilojas, não há outro motivo
do que melhorar as condições de renda. Não olhamos diferenças de gênero. Acontece que, neste mês de março, refletimos mais sobre o papel da mulher na nossa sociedade. É consenso que o papel das mulheres mudou muito da geração dos nossos pais e avós para agora. E mesmo que achamos que há mais liberdade para as mulheres, ainda falta muito para haver equiparação com os homens. Não é difícil provar isso. O mundo ainda privilegia os homens. Vejamos o caso do comércio. Em Montenegro, as mulheres que desempenham funções semelhantes do que os homens ganham 24,6% menos em média. Sim, o salário médio das mulheres pagos no comércio de Montenegro é menor do que os dos homens, segundo estudo publicado pelo Dieese, em dezembro do ano passado. A média dos salários dos homens de Montenegro é de R$ 1.365,30 e o das mulheres é de R$ 1.044,67. Faltam R$ 320 nesta conta.
Especialistas dizem que os patrões ainda enxergam as mulheres como funcionárias de maior risco. Visão que a diretora do Sindicomerciários Montenegro e funcionária do Supermercado Mombach, Franciele Ávila, costuma sentir na própria pele. Ela enumera o maior número de preocupações das mulheres como fatores a tirarem a atenção do trabalho. Claro. Imagina-se a dificuldade que é para a mulher ter que pensar com quem deixar os filhos, adquirir confiança em quem fica com as crianças para cuidar. Sem contar que a mulher é vista como a protetora, cuidadora da família. Franciele tem 20 anos e está grávida de três meses de seu primeiro filho. Logo vai precisar de creche. Terá que se concentrar em amamentar. Ficará meses de licença maternidade fora do ambiente de trabalho. Isso é visto como desvantagem. “Ser mulher é algo divino. A gente tem que estar pensando em muitas coisas e conseguimos pensar e realizar muitas coisas. Pensamos na família, na própria casa. O homem tem chances de se concentrar melhor. A mulher é mais focada em pensar em muitas coisas ao mesmo tempo”, diz Franciele.
De fato, há uma desvantagem aí para as mulheres. Ainda mais se ele trabalha em supermercados e é obrigada a trabalhar aos domingos. Franciele conta que seu pai era industriário e ganhava 100% quando trabalhava aos domingos. Nos supermercados não é assim. É certo que a luta dos comerciários conquistou o auxílio-creche nos supermercados, mas, aos domingos, não há creches para deixar os filhos. “Acho que tem muita coisa a melhorar no comércio. Falta às empresas cuidarem mais do ambiente da família. Principalmente cuidar melhor das mães”, diz Franciele.
A colega Mara Odete da Rosa Rodrigues (foto) recebeu o rancho que o Sindicomerciários Montenegro sorteia mensalmente entre seus associados. Mara trabalha na Lojas Quero Quero e foi a vencedora da promoção do mês de março.
Esta é apenas uma das vantagens de ser associado do Sindicato dos Comerciários de Montenegro. Venha para o Sindicomerciários lutar pelo que acredita, buscar melhorar de vida e ainda concorrer a um rancho. Em abril tem mais.
A negociação não foi fácil. Aliás, a terceira palavra da primeira frase foi a que mais ouvimos na mesa. Não, não e não foi o que os patrões mais nos disseram. Entre os nãos, houve silêncios e falta de vontade de negociar da parte deles. De março, quando as reuniões começaram, a 4 de fevereiro, dia em que fechamos o Acordo Coletivo de Trabalho com o Sindilojas Montenegro, na sede da Fecosul, em Porto Alegre, foram 11 meses, pouco mais de 330 dias.
Demorou. A direção do Sindicomerciários Montenegro sabe que os trabalhadores e trabalhadoras do comércio estavam preocupados. Mas a demora foi necessária para podermos pressionar e conquistar avanços. Não há outra maneira de, a cada ano, avançarmos em melhores índices de aumento e em busca de melhores condições de trabalho, se não resistirmos e pressionarmos.
Poderíamos muito bem ter fechado em junho, julho ou agosto. Mas, mesmo depois de termos ido às ruas em maio, de termos feito uma greve histórica no Imec, em julho, os patrões queriam nos rebaixar. Chegaram até a propor o fim do auxílio-estudante. E as nossas assembleias lotadas de agosto e novembro responderam sim a manter uma proposta que construía avanços.
O que queremos dizer para os comerciários e comerciárias de Montenegro, é que o dissídio 2014 já começou. Nossa data-base é em março e logo estaremos lançando nossa próxima proposta salarial, junto com nossa campanha. Certamente, não conseguimos o melhor acordo para 2014, mas avançamos e precisamos continuar avançando.
É fácil comprovar que avançamos, embora queiramos ainda mais valorização. Tivemos aumentos entre 6,2% e 14,6%, na comparação entre piso regional e piso da categoria em 2013. O valor será debitado na sua conta na folha de abril.
Resistência:Assembleias mostraram unidade dos comerciários e rejeitaram propostas que queriam extinguir auxílio-estudante
PISO SALARIAL
R$ 855 de março/2013 a agosto/2013
R$ 870,00 de setembro/2013 a fevereiro/2014
REAJUSTE PARA OS DEMAIS SALÁRIOS: 7,2%
AUXÍLIO-ESTUDANTE
Quem cursa ensino médio, superior ou curso técnico autorizado pelo MEC, terá direito a um abono de R$ 870, pago em duas parcelas. A primeira em 30 de abril e a segunda em 30 de maio. É preciso mostrar que está estudando com comprovante de matrícula.
Caso o comerciário não esteja estudando, mas tenha filho menor de 18 anos que estude, terá direito a R$ 652,50 reais também pagos em duas parcelas nas mesmas datas do auxílio. Porém, este beneficio fica limitado a somente um filho.
AUMENTOS
Piso em 2013: R$ 775 e R$ 795
Aumento Médio em 2014: 10,6%
Piso regional: R$ 805,59
Piso regional 2014: R$ 908,00
Aumento médio: 9,4%
DE OLHO NO CONTRACHEQUE
Quem ainda não recebeu nenhum percentual de aumento por adiantamento do piso, pode tomar este cálculo como referência. Não significa que estes valores entrarão na conta, pois são uma estimativa. Não estão previstos descontos de contribuições obrigatórias como o FGTS. Caso você tenha dúvida, procure o Sindicomerciários Montenegro.
Piso regional R$ 805,59
Valor a receber: R$ 683,40
R$ 1,7 milhões - É a soma do aumento de todos os comerciários que será injetada no comércio de Montenegro em relação a 2013 e tendo como referência o piso de R$ 795 (2013). Com R$ 1,7 milhões, dá para comprar quase 150 geladeiras novas e 64 carros populares zero quilômetro.
Neste mês de dezembro, o que todos queremos é esquecer um pouco as angústias e as diversidades da vida diária. Procuramos nas festas de natal, além do culto ao nascimento de Jesus, o refúgio para amenizar as lutas do cotidiano.
O comércio faz parte deste contexto. É a preocupação com presentes. É a euforia de ter finalizado mais um ano. Os trabalhadores comerciários constituem-se figura fundamental neste ambiente. Infelizmente, a luta da classe em alguns casos é mal compreendida pela população. Sim, o comércio precisa funcionar em domingos, dizem alguns. A cidade não pode regredir, falam outros. O Sindicomerciários tem ciência disso. Sabemos que o crescimento da cidade é importante. Mas este crescimento não pode ser às custas da exploração de uma categoria profissional.
O empresariado esquece que o investimento em valorização dos trabalhadores através da concessão de melhores salários vai retornar à loja, pois comerciário também é consumidor.
Uma entidade sindical precisa estar ao lado dos seus representados. Precisa refletir os sentimentos destes homens e mulheres que fazem do atendimento ao público a sua sobrevivência. É com este espírito de solidariedade, palavra tão pronunciada nestes dias, que o Sindicomerciários reafirma seu compromisso com a classe comerciária: não aceitar as imposições, a desvalorização e o tratamento diferenciado. Se em outras cidades bons acordos são fechados para o trabalho em domingos de dezembro, trazendo tranquilidade a consumidores, trabalhadores e empresários, por que aqui isto é coisa de outro mundo?
Montenegro não é diferente. Ao contrário, é uma cidade que cresce a cada dia. Isto é ótimo para todos nós. No entanto, o comércio está perdendo trabalhadores qualificados pela falta de visão estratégica.
Queremos manifestar que não podemos aceitar o trabalho irregular de braços cruzados. Por isso estaremos presentes nos domingos, observando e cobrando o cumprimento da jornada de trabalho dentro dos limites da legislação. Ao mesmo tempo, continuamos apostando no diálogo como forma de solução para as divergências.
Montenegro, dezembro de 2013.
À Diretoria.